A equação pode ser assim representada: tecnologia de última geração + produção baseada em estufas + cultivo em condições controladas + uso reduzido de espaço, de água e de pesticidas = segundo maior exportador agrícola do mundo!

 

Alguns dados relevantes:

- 2º maior exportador de produtos agrícolas do mundo, depois dos Estados Unidos, com destaque especial para produtos como flores, queijos, tomates, verduras em geral e cerveja;

- Vende cerca de 76 bilhões de euros por ano em exportação alimentícia;

- Maior exportador mundial de batatas e cebolas;

- Exportam ¼ dos tomates do mundo;

- Mais de um terço da totalidade do comércio mundial de sementes de legumes tem origem na Holanda;

- Abriga o porto de Roterdã, 40 km de porto, o maior da Europa e o quarto maior do mundo;

- São líderes em máquinas para processamento de alimentos, e contam com o segundo maior investimento mundial em pesquisa para o agronegócio;

 

Acho que te dei alguns bons motivos para você considerar a Holanda como seu próximo destino para um estágio internacional no Agro, hein?!

Dentro do nosso programa de Intercâmbio Agrícola para Holanda o participante poderá se candidatar para essas áreas representadas no gráfico, cada uma com sua taxa de demanda.

 

Observe que somadas Fruticultura, Horticultura e Floricultura representam mais da metade das oportunidades e isso reflete a atenção voltada pelos produtores do país para essas áreas.

 

 

Atualmente a Holanda é uma potência, mas nem sempre foi assim. O país sofreu muito com um dos últimos períodos de fome na Europa, conhecido como “inverno da fome holandês”, durante os últimos meses da ocupação alemã na Segunda Guerra Mundial.

Como reação a este período crítico, a moderna agricultura de estufa decolou no país. Hoje, a parte mais avançada dessa tecnologia de produção agrária está na região sul de Westland, onde 80% das terras cultivadas estão sob vidro.

Para entender melhor como a Holanda cresceu tanto e se mantém, até então, como um dos maiores no cenário agrícola mundial devemos observar os principais pontos da virada de chave do setor agro holandês:

 

Compromisso Nacional

Há quase duas décadas, os holandeses assumiram um compromisso nacional, escolhendo como divisa: “Duas vezes mais alimentos, utilizando metade dos recursos”. Dos anos 2000 em diante muitos agricultores têm procurado reduzir a dependência das culturas principais em relação à água em até 90%.

Eliminaram quase por completo a utilização de pesticidas químicos nas plantas cultivadas em estufas e, desde 2009, os empresários holandeses da avicultura e da pecuária introduziram cortes na utilização de antibióticos em até 60%.

 

Aproveitamento territorial

O maior exportador mundial de alimentos são os Estados Unidos, ok. Mas sua extensão de terras é 270 vezes maior que a Holanda. Apesar de ser um país com pequeno território, é densamente povoado, com cerca de 509,3 hab./km², e mesmo carecendo de muitos recursos considerados necessários a uma agricultura de grande escala, atualmente é o segundo exportador mundial de gêneros alimentares.

Mas como isso acontece? Observe a foto abaixo.

Estufas a perder de vista em Westland – Foto: Luca Locateli/National Geographic

Com mais da metade da superfície terrestre nacional utilizada para a agricultura e a horticultura, este é um cenário comum se você sobrevoar o país. Bem diferente dos outros grandes produtores mundiais.

Neste verdadeiro mosaico de luzes artificiais se concentram estufas e viveiros com cultivos intensivos que podem parecer minúsculos se comparados aos padrões comuns da indústria agroalimentar, mas que ao aliar tecnologia e controle climático, fazem as culturas crescerem 24 horas por dia em qualquer tipo de condições. Pode-se dizer que a chamada "agricultura de precisão" praticada na Holanda é uma das mais avançadas do mundo.

 

Como é por dentro desses complexos de estufas - Foto: Luca Locateli/National Geographic

 

 

Perspectivas de Futuro

Observamos que as pesquisas e artigos apontam para o chamado “Futuro vertical”. A entrevista com Leo Marcelis, professor de horticultura da WUR (Wageningen University & Research), ao DW News, diz que as fazendas verticais são o caminho a seguir.

Como um dos problemas da Holanda é a escassez de extensões de terra para o plantio, apostar em verticalizar e controlar o ambiente da produção é fundamental. Hoje em dia 80% das terras cultivadas estão sob vidro e se obtém, por exemplo, plantas com cerca de 13 a 14 metros de comprimento com mais de 30 cachos de tomates.

Cultivo de tomates em estufa holandesa - DW NEWS - Foto: John Laurenson

A pesquisa mostra que na Holanda são cultivados quase 70 quilos de tomates por metro quadrado. Isso equivale a pelo menos dez vezes o rendimento médio de uma plantação em campo aberto na Espanha ou no Marrocos, utilizando oito vezes menos água e praticamente sem pesticidas químicos.

"No futuro, teremos fazendas verticais que serão tão altas quanto edifícios e que só usarão luz artificial", diz Marcelis, acrescentando que isso fará com que agricultura seja completamente independente do clima e completamente confiável.

Imagens como a dessa de uma produção agrícola no telhado de uma antiga fábrica, em Haia, ficarão cada vez mais frequentes. A versatilidade é imensa. Nesse caso, são produzidos legumes e peixes num ciclo autossustentado: os resíduos dos peixes adubam as plantas, que filtram a água para os peixes.

Foto: National Geographic

 

Tecnologia e sustentabilidade

A tecnologia é aliada da Holanda na produção, armazenamento e acondicionamento dos alimentos. O país se mostra solidário e quer compartilhar sua experiência agrícola com países em desenvolvimento e está comprometido com os princípios de um mercado livre, com alimentos seguros e produzidos de maneira sustentável.

Assim como na Califórnia existe o Vale do Silício, a Holanda criou o Food Valley ou Vale dos Alimentos - um robusto conjunto formado por empresas tecnológicas inovadoras e explorações agrícolas experimentais. Lá opera a WUR (Wageningen University & Research), considerada a mais importante instituição de investigação agrária a nível mundial e grande responsável por estes números impressionantes devida à fusão entre mundo acadêmico e espírito empresarial.

O gráfico abaixo demonstra a quantidade de projetos que a WUR tem em conjunto com outros países.

Gráfico: Jason Treat; Kelsey Nowakowski. Fonte: Wageningen University & Research

 

Como vimos a tecnologia aplicada na Holanda poderá auxiliar o desenvolvimento de projetos e práticas agrícolas no mundo todo. Acreditamos que os países que mais rapidamente adotarem e ou adaptarem suas técnicas de produção alimentar sofrerão menor impacto aos reflexos da fome e insuficiência de alimentos.

Recentemente batemos 8 bilhões de habitantes e estima-se que até 2050, a Terra terá entre 9 e 10 bilhões. Especialistas afirmam que o planeta precisará produzir mais alimentos nas próximas três décadas do que todos os agricultores do mundo colheram nos últimos oito mil anos. O caminho para que milhares e até milhões não morram de fome é concretizar aumentos do rendimento agrícola, acompanhados de reduções do consumo de água e de combustíveis fósseis.

 

 

Fontes pesquisadas:

https://www.holandaevoce.nl/;

https://nationalgeographic.pt/ciencia/grandes-reportagens/1552-holanda-o-pequeno-pais-que-alimenta-o-mundo);

https://www.dw.com/pt-br/agricultura-de-ponta-da-holanda-pode-ser-chave-para-alimentar-o-mundo/a-47201964;

https://agriculturasustentavel.org.br/holanda-maior-exportadora-de-alimentos-do-mundo

https://conafer.org.br/agricultura-de-ponta-da-holanda-pode-ser-chave-para-alimentar-o-mundo/